23 de nov. de 2010

Encontro no Pará discute retorno do Programa Quelônios ao Ibama

Um novo formato para o Programa Quelônios da Amazônia (PQA) começou a ser discutido nesta segunda-feira (22/11) durante uma reunião técnica em Belém, no Pará. Um dos maiores esforços de manejo de fauna do mundo, com 60 milhões de filhotes reproduzidos, o PQA retorna ao Ibama após três anos sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Na abertura do encontro, o superintendente do Ibama no Pará, Sérgio Suzuki, destacou a importância do programa para a conservação da biodiversidade amazônica. “O Ibama no Pará vai apoiar as iniciativas do PQA para que o manejo sustentável dos quelônios se torne uma realidade no estado”, completou.
Do total de quelônios manejados pelo PQA de 1979 até 2006, os rios, lagos e praias do Pará contribuíram com cerca de 21 milhões de filhotes. O que demonstra a importância dos rios Tapajós, Xingu, Trombetas e os do baixo Amazonas, onde ocorrem boa parte das desovas, para o esforço de conservação da espécie na Amazônia Legal.
Gestão sem fronteiras Apesar de integrar desde 2007 o organograma do ICMBio, o Programa Quelônios da Amazônia sofreu nos últimos anos com uma administração que, na prática, se dividiu entre Ibama e o órgão criado para gerir as unidades de conservação federais.
“A repartição de atribuições entre os dois não era adequada, porque não atendia as várias facetas do projeto. Não tinha sentido o Ibama ficar com ações de manejo e o ICMBio com as de pesquisa. Um atuar fora e outro dentro das unidades de conservação. Quelônios são migratórios e não respeitam tais fronteiras”, explica o Coordenador Geral do PQA, Vitor Hugo Cantarelli.
Na reunião técnica, que segue até quarta (24/11), agora serão discutidas ações que atendam todos os objetivos de conservação da espécie para o período 2011-2015. Entre elas, manejo de quelônios na natureza, desenvolvimento de bens sustentáveis por meio de criadouros de fauna, envolvimento das populações tradicionais, pesquisas associadas ao manejo e capacitação das parcerias com estados e municípios. “Ao final, sairemos de Belém com uma política de conservação, um norte para balizar as estratégias locais e regionais, que estavam dispersas por vários estados”, diz Cantarelli.
Atenção às espécies de risco Outra mudança significativa no programa ocorrerá no foco. Antes, o PQA atuava na proteção de todas as tartarugas que ocorrem na Amazônia Legal. Agora os esforços serão concentrados nas seis espécies mais ameaçadas, justamente as consumidas em larga escala pelas populações locais: tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), tracajá (Padocnemis unifilis), calamã ou irapuca (Podocnemis erytrocephala), pitiú (Podocnemis sextuberculata), cabeçudo (Petocephalus dumeriliana) e muçuã (Kinosternon scorpioides).
Participam da reunião técnica os executores do PQA em todos os estados da Amazônia Legal (Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Goiás e Tocantis), além do Maranhão; chefes de Divisões Técnicas do Ibama; a Coordenação de Gestão de Uso de Espécies da Fauna (Coefa) e a Divisão de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas (DBFlo).


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